A VALORIZAÇÃO DOS TERRENOS URBANOS NO BRASIL

1 de janeiro de 2012

Ultimamente, muito se tem falado sobre a grande valorização dos terrenos urbanos. De fato, examinando-se a história recente do mercado imobiliário nacional, nunca se viu elevação tão forte nos preços desse tipo de imóvel. E tudo porque, a partir dos anos 2000, a indústria da construção civil foi um dos segmentos que mais se desenvolveu no Brasil.

É comum que se atribua essa excepcional valorização ao ótimo momento por que passa o setor em todo o território nacional. Com a melhoria da situação financeira de boa parte da população, aliado aos grandes incentivos concedidos pelo Governo Federal à área habitacional, ocorreu um boom na construção civil e, como consequência, os valores venais dos terrenos aumentaram.

Evidentemente que o fenômeno teve repercussão em todo o País, contribuindo para a aceleração dos preços, em especial dos lotes situados nas periferias. O “Programa Minha Casa, Minha Vida” colaborou de modo decisivo para tanto. Por isso, não causam mais surpresa negociações envolvendo terrenos cujos preços foram multiplicados por três ou quatro, senão mais, em curto espaço de tempo.

Contudo, quando falamos em terrenos centrais, ou mesmo localizados em bairros de classe média, constata-se que não houve uma valorização tão expressiva em termos percentuais, muito embora os valores, em reais, tenham crescido significativamente.

Ao contrário dos lotes alienados nas periferias, destinados principalmente à construção de moradias unifamiliares, os terrenos vendidos em áreas mais centrais ou em regiões com boa renda per capita, têm recebido usos diversos. E um dos mais notórios – a incorporação de prédios – prossegue prestigiado e mantendo a tradição: o Brasil continua a ser um grande celeiro de cidades verticalizadas. 

Com o passar dos anos, principalmente a partir da segunda metade da década passada, com o advento de novos estímulos oficiais ao setor empreendedor, os terrenos reconhecidos pelas construtoras como “ponto”, começaram a ser avidamente disputados; e, como nada escapa à lei da oferta e da procura, essa busca alavancou os valores dos terrenos bem posicionados.

Conquanto impressione o vulto financeiro dos negócios envolvendo os melhores terrenos, o preço final desses imóveis acaba sempre encontrando um limitador: o custo máximo da quota-terreno das unidades autônomas incorporadas; livres de tal preocupação, os proprietários de lotes periféricos, cujos preços tradicionalmente mantiveram-se baixos, foram os que mais se beneficiaram com o crescimento do mercado imobiliário. O que acabou se constituindo noutra forma de redistribuição da riqueza nacional.

Carlos Alceu Machado
Advogado pós-graduado em Direito Imobiliário, Empresário, Consultor, Coach e Palestrante para o Mercado de Imóveis